Dois cigarros apagados, quatro pernas aninhadas, dez dedos entrelaçados, dois corpos e uma estrela (um avô e um Júpiter), observando. Nenhum outro astro no céu, estão todos reunidos em quatro olhos.
Dois cigarros acesos contrastando com a escuridão lá de fora. E algumas buzinas aleatórias para o cara de cuecas sentado no parapeito da janela.
Uma caneta na mão, outro cigarro na boca. O escuro lá de fora e de dentro - e o aqui de dentro.
Um milhão de beijos, beijinhos. Beijos de tal imensidade que preenchem o vazio aqui - bem - de dentro. E o escuro parece clarear.
O cigarro apaga, a caneta nos dedos permanece riscando o papel. Dois corpos distantes, cansados. Cansados bem como os olhos de um baseados na inocência dos outros.
O giro do ventilador pára pra acender outro cigarro (câncer de pulmão). Dois olhos fazendo força pra não derramar meia dúzia de lágrimas; outros dois, fechados.
Duas cabeças pensantes perdidas em outras desgraças quaisquer.
Cinzas de um cigarro morto como a alma antes e o corpo após.
(Tchu Tcha Tchu Tcha)
Nenhum comentário:
Postar um comentário